"Hoje fui andar para o Guincho.
Quando cheguei ás 15 estavam 7 kites a navegar, os tamanhos das asas era desde dos 6 a 11 metros.
Estavam cerca de 20 nós e a rajada com variações de cerca de 10 nós, ou seja, tanto estavam 15 como 25 nós, dum momento para o outro… nada agradável para a maioria das asas. O mar estava bastante picado e com a ondulação desordenada, só ficava menos picado quando vinham os sets de ondas, com cerca de 1 metro.
O João Carlos também foi lá ter. Peguei na nova Kaiman de 8,5 metros e pu-la a voar!
Olhei para o sitio na margem que queria entrar, perto do calhau do meio, pus a asa nos 45º, virei-me na direcção do vento, mesmo de frente e comecei a andar em direcção ao mar (o vento estava on-side-onshore como de costume no Guincho) e fiquei inpressionado, a asa com a barra para cima não faz a mínima força, só faz aquela força que precisa para se manter no ar, impecável, super confortável.
Entrei para dentro de água, estava um quebra-coco chato, porque as ondas rebentavam bem perto da areia e o water-start tinha de ser rápido para não levar com elas em cima (entrei com prancha de surf sem foot-straps para ver o que conseguia fazer naquelas condições desagradáveis).
A asa quietinha onde eu a tinha deixado, nos 45º, á espera que eu lhe desse novo comando, parece que está ali a olhar por mim á espera de nova ordem!!!
Pus os pés na prancha, mergulhei ligeiramente o kite, puxei a barra para baixo e já está, o kite pôs-me em cima da prancha quase sem eu reparar, pareceu-me telecomandado!!!
Passei a rebentação toda sem a mínima dificuldade porque mal a onda vinha 1º desacelerava com a prancha, 2º punha o kite para cima, 3º punha a barra para a frente e no momento que a onda passava por baixo de mim puxava a barra para baixo e nem tirava os pés da prancha, nem a prancha descolava da água, magia? Não, …a resposta é Kaiman!!!
O que antes com as outras asas, por vezes, era um pouco mais complicado, passar as ondas com a prancha de surf (sem foot straps) a sair dos pés, com a Kaiman é só saber dosear a força que se faz na barra e controlar a pressão que se faz nos pés.
Com o vento certo é fácil navegar com todas as asas, mas quando o vento é irregular, é quando se começa a ver as grandes diferenças entre asas. A Kaiman faz a diferença. Quando as asas têm muito depower, é normal que quando a barra esteja para cima, elas fiquem instáveis e caiam com mais facilidade, na Kaiman isso não acontece, ela continua muito estável e sem fazer força, o que é que se quer mais?
Agora em termos de performance a navegar com velocidade, é simplesmente uma delícia. Consegue-se pôr a asa onde se quer, as viragens do kite podem ser feitas sobre o próprio eixo, o que o torna super rápido e para além disso, quando fica sem pressão no ar, por ter aquele feitio de delta, parece que fica a planar á nossa frente á espera de nova pressão nas linhas. Hoje aconteceu-me isso duas vezes, estava a surfar a onda, uma secção da onda começou a fechar e tive de acelerar com a prancha para passar essa secção e esqueci-me do kite no ar, ups… passei a secção, o kite ficou totalmente sem pressão, as linhas todas folgadas e a tocar na água (pensei: pronto, já tás dentro de água, mas não!!!) fiz a batida na onda e quando a estava a descer, o kite ganha novamente pressão e continua a voar como se nada fosse, que espetáculo, fiquei maluco! Em quase dez anos de Kitesurf, nunca voei um Kite tão bom!"